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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Santa


Um comentário:

Savio Gomes música&poesia disse...

SINFONIA DOS IPÊS DE SETEMBRO

Sávio Roberto Moreira Gomes




Sob invisível batuta, despertam ipês-setembro,

trajados de amarelo, branco, roxo e rosa.

Na delicada partitura de cada membro,

Passeiam pétalas em sons, versos e prosa.

Ensaiam brevemente pinceladas coloridas,

elegantes harpejos em suave adágio

em ricas escalas em oitavas sustenidas,

do Allegro ao emocionante presságio.

O maestro, Ipê-rei, Flor Nacional está atento,

repassa um Crescendo em Ária com os ipês rosa

ergue com precisão a batuta e ordena ao vento

que todos os ipês se concentrem em verso e prosa.

E, de repente, com o contraste do céu azul,

surgem ipês multicoloridos, de Minas a Goiás,

Em Santa Catarina, Fortaleza, Rio Grande do Sul,

São Paulo, Paraná, Paraíba, Sergipe, Manaus, Carajás...

São orgulhosamente ipês brasileiros em harmonia,

executando em intermezzo sua arte-flor em setembro,

mas pode por capricho, comoção ou alegria

surgir em março, maio, agosto ou dezembro.

Lhes deram nomes curiosos os homens da Ciência,

Tabebuia, da família Bignoniaceae, pau d´arco, piúna,

ipê-roxo-de-bola, ipê-rosa, mas com paciência

ele respeita os seus súditos, e sorri com o "ipê-una"!

À frente, as sensatas presenças dos ipês-mirins,

que como violinos, entoam suave fantasia,

tem como resposta um lindo naipe de clarins,

e todos os ipês respondem em harmonia.

Numa delicada valsa surgem beija-flores

ornando as copas coloridas num bailado,

agitam num frêmito as asas multicores

como se tivessem a muito tempo ensaiado.

Assim prosseguirá a rica Sinfonia,

cada Ipê-branco, ipê-rosa, ipê-roxo, ipê-amarelo,

uns fazem o canto, os metais, a percussão, o cello,

ora em pizzicato, ora em polifonia.

Novamente, em setembro, surgem os ipês

com sua sinfonia de cores em pétalas,

em finalle, voam ninfas-sementes, libélulas,

que pousam para ser ipês outra vez.





Campos dos Goytacazes, setembro de 2010